Hoje, dia 5 de janeiro, estreia no Brasil Viva – A Vida é Uma Festa. A animação narra a história de Miguel Rivera, um garoto mexicano de 12 anos, que sonha em ser músico. Ao longo da história, Miguel visita o mundo dos mortos, onde se conecta com o tataravô para realizar o grande sonho do garoto de ser músico… Bom, até aí, tudo MUITO meigo, certo? Errado!

A grande sacada é que a Disney, distribuidora do filme no Brasil, tomou a decisão radical de mudar o nome da animação (que faz alusão à bisavó de Miguel, figura central na trama) para evitar as piadinhas linguísticas do brasileiro. Em português brasileiro, o aparentemente inofensivo nome Coco tem duas acepções: côco (com o circunflexo na primeira sílaba) é o fruto do coqueiro; no entanto, cocô (com o circunflexo na segunda sílaba) é “o produto final da digestão”. E, mesmo sem pronunciar a palavra e-xa-ta-men-te como o nome da bisavó de Miguel, o som ainda poderia causar constrangimentos, afinal, os “brasileiros brincam com tudo”, segundo a Pixar. Imaginem os memes! Para você que ficou curioso, a avó de Miguel acaba se chamando Lupita no Brasil.

Mais uma prova de que não basta traduzir  tem que fazer sentido na cultura onde a língua é falada! Este recurso é chamado de transcriação, pois é metade tradução, metade criação.  A transcrição é essencial para fazer com o que o filme venda bem e que o filme tenha o mesmo efeito na língua de partida que na língua de chegada.

Segundo o colega e amigo, João Vicente de Paula Júnior, “tradutor é que nem músico: tem que ter bom ouvido”. A meu ver, este cuidado com a eufonia (bom som, som agradável) se torna ainda mais importante em comédias e animações para o público infantil.

Confira o alto astral do filme na música I’m Alive, do cantor e compositor Michael Franti:

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